segunda-feira, 27 de abril de 2009

Seminário "Discutindo Infâncias"




Além das aulas regulares que acontecem à noite, o Curso Normal com habilitação em Educação Infantil do Colégio Municipal Pelotense também preocupa-se em realizar seminários para discussão de assuntos importantes para a formação permanente tanto do corpo discente como docente. A comunidade também é convidada a participar e sempre somos brindados com a presença de estudantes de outras instituições e dos cursos de Pedagogia.


Procuramos convidar profissionais da área que contribuem com as discussões relatando, palestrando e realizando oficinas sobre suas pesquisas e práticas.






Comunidade no Orkut

Olá pessoal, o nosso curso tem uma comunidade no orkut. Fiquem a vontade para acessar e também fazer parte dela.

Aí vai o link da comunidade:

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=10450510

domingo, 26 de abril de 2009

A Educação Infantil como esperança do futuro


Os nomes da criança
(cristóvam Buarque)

Para um habitante de cidade brasileira, todas as árvores de uma floresta são apenas mato, sem distinção entre elas. Os habitantes do deserto, ao contrário, têm nomes diferentes para se referir à areia. Da mesma forma, os esquimós têm diversos nomes para indicar aquilo que, para nós, é apenas neve.
Cada povo desenvolve sua cultura, com palavras distintas, para diferenciar as sutilezas do seu ao-redor, como forma de sobreviver mais facilmente e usufruir esteticamente. A riqueza de uma cultura se mede pelo número de palavras usadas para definir o meio ao redor. Quanto mais palavras distinguindo as coisas, em detalhes imperceptíveis para os demais, mais rica é a cultura.
Os brasileiros urbanos também desenvolveram, em sua cultura, nomes diferentes para dizer o que entre outros povos teria um nome apenas : criança.
Em suas cidades os brasileiros do começo do século XXI têm muitas maneiras para dizer criança com sutis diferenças manifestadas em cada palavra. É a riqueza cultural, manifesta num rico vocabulário, que mostra a degradação moral de uma sociedade que trata suas crianças como se não fossem apenas crianças. O português falado no Brasil é certamente o mais rico e o mais imoral dos idiomas do mundo atual, no que se refere à definição de criança.
Menino-na-rua significa aquele que fica na rua em lugar de estar na escola, em casa, brincando ou estudando, mas que, à noite, em geral, tem uma casa para onde ir. Ao vê-lo, um habitante de uma das nossas cidades grandes faz logo a diferença com as demais crianças que ali estão apenas passeando. Diferencia até, sutilmente, dos meninos-de-rua - aqueles que não apenas estão na rua, moram nela, sem uma casa para onde voltar.
Flanelinha é aquele que, nos estacionamentos ou nas esquinas, dribla os carros dos ricos com um frasco de água numa mão e um pedaço de pano noutra, na tarefa de convencer o motorista a dar-lhe uma esmola em troca de uma rápida limpeza no parabrisa do veículo. É diferente do esquineiro que, no lugar de oferecer o serviço de limpeza, pede esmolas apenas. Ou do menino-de-água-na-boca, pobre criança que carrega pequenas caixas de chocolates, tentando vendê-los, sem direito a sentir o gosto do que carrega para os outros e existe aos milhares no Brasil.
Prostituta-infantil já seria um genérico maldito para uma cultura que sentisse vergonha da realidade que retrata. Como se não bastasse, ela tem suas sutis diferenças. Pode ser bezerrinha, ninfeta-de-praia, menina-da-noite, menino ou menina-de-programa ou michê, conforme o local onde faz ponto e o gosto sexual do freguês que atende. E existe - vergonha das vergonhas - a expressão menina-paraguai para indicar criança que se prostitui por apenas R$ 1,99, o mesmo preço das bugigangas que a globalização trouxe em contrabandos, quase sempre, daquele país. Ou menina-boneca, de tão jovem quando começa a se prostituir, ou porque seu primeiro pagamento sirva para comprar a boneca que nunca ganhou de presente.
Delinquente, infrator, avião, pivete, trombadinha, menor, pixote. Sete nomes para o conjunto das relações de nossas crianças com o crime. Cada qual com sua maldita sutileza, de acordo com o artigo do Código Penal em que é enquadrado, com a maneira de abordar suas vítimas ou com o crime ao qual se dedica.
Pode também, no lugar de criança, ser boy, engraxate, menino-do-lixo, reciclador-infantil, conforme o trabalho que faz.
Ainda tem filho-da-safra, para indicar criança deixada para trás por pais que emigram todos os anos em busca do trabalho, nos lugares onde há emprego para boias-frias. Nome que indica, também, a riqueza cultural do sutil vocabulário da maldita realidade social brasileira. Ainda o pagão-civil, que vive sem o registro que lhe indique a cidadania de sua curta passagem pelo mundo. Em um país que lhe nega, não só o nome de criança, mas também a existência legal.
Como resumo de todos estes tristes verbetes, há também criança-triste, como um verbete adicional. Não pela tristeza de um brinquedo quebrado, de uma palmada ou reprimenda recebida, nem da perda de um ente querido. No Brasil há um tipo de criança que não apenas fica ou está triste; criança que nasce e vive triste. Cujo primeiro choro mais parece um lamento do futuro que ainda não prevê do que a inspiração do ar em que vai viver, que por primeira vez recebe em seus diminutos pulmões.
Criança-triste como substantivo e não adjetivo, como estado permanente de vida - esta talvez seja a maior das vergonhas no vocabulário da realidade social brasileira. Tal e qual a maior vergonha da realidade política está na falta de tristeza nos corações de nossas autoridades diante da tristeza das crianças brasileiras, com as sutis diversidades de suas posições sociais, refletidas no vocabulário que indica os nomes da criança.
A sociedade brasileira, em sua maldita apartação, foi obrigada a criar palavras que distinguem cada criança conforme sua classe, sua função e sua casta. A cultura brasileira, medida pela riqueza de seu vocabulário, enriqueceu perversamente ao aumentar a quantidade de palavras que indicam criança. Um dia, esta cultura vai se enriquecer, criando nomes para os presidentes, governadores, prefeitos, políticos em geral que não sofrem, não ficam tristes, não percebem a vergonhosa tragédia de nosso vocabulário, nem ao menos se lembram das crianças-tristes do Brasil.
Quem sabe será preciso que um dia chegue ao Governo uma das crianças-tristes de hoje, para que o Brasil faça arcaicas as palavras que hoje enriquecem o triste vocabulário brasileiro, construindo um dicionário onde criança seja apenas criança, sem nomes diferentes como para o poeta, uma rosa é uma rosa. (Publicado no jornal O Globo em 25/09/2000)


Mais um Eixo Temático...

Fundamentos Específicos da Educação Infantil
Profª Elisane

Este eixo do Curso Normal, habilitação em Educação Infantil do Colégio Municipal Pelotense, discute com os alunos as dimensões sociais e políticas da educação e o contexto em que está inserida.

Alguns objetivos do Eixo:
  • Situar o aluno quanto a história da infância;
  • Refletir sobre a função social da educação infantil, procurando construir uma identidade própria quanto ao atendimento das crianças pequenas;
  • Informar e discutir sobre a legislação e situação atual da educação infantil, como: interação entre cuidar e educar, a rotina nas instituições, a importância do trabalho com as diferentes linguagens, etc.

sábado, 25 de abril de 2009


Oi, eu sou a Ana. Aqui ainda sou a Aninha. Sou professora no eixo Identidade e Autonomia. Adoro ser professora, adoro trabalhar no curso normal educação infantil. Sou feliz fazendo o que faço e, apesar da minha atual idade, ainda me sinto como nessa fotografia. beijos

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Identidade e Autonomia - Objetivos


EDUCAÇÃO INFANTIL Identidade e Autonomia -
O eixo destinado a desenvolver a Identidade e a Autonomia da criança pequena envolve, de certo modo, todos os outros. Desenvolver, ou melhor, ajudar a desenvolver a identidade de uma pessoa significa dar ferramentas que possibilitem que esta consiga resolver sozinha conflitos, dê conta de situações que pertubem a sua auto-estima, auxilie ao seu desempenho autonomo de atividades cotidianas. Trabalhar com a questão da identidade é considerar relevante sua cultura, valorizar sua origem social, ampliar seus horizontes de origem.


Alguns objetivos:
  • Iniciativa para resolver pequenos problemas do cotidiano, pedindo ajuda se necessário.
  • Participação em situações de brincadeira nas quais as crianças escolham os parceiros, os objetos, os temas, o espaço e as personagens.
  • Participação de meninos e meninas igualmente nas diversas brincadeiras.
  • Participação na realização de pequenas tarefas do cotidiano que envolva ações de cooperação, solidariedade e ajuda na relação com os outros.
  • Procedimentos relacionados à alimentação e à higiene, cuidado, limpeza pessoal e utilização adequada dos sanitários.
  • Procedimentos básicos de prevenção a acidentes e auto cuidado.

domingo, 19 de abril de 2009
















O último discurso


Charles Chaplin

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... Negros... Brancos...
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... Levantou no mundo as muralhas do ódio... E tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela.
A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria; Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... Um apelo à fraternidade universal... À união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... Milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas...
Vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis”! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... Da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... Que vos desprezam... Que vos escravizam... Que arregimentam as vossas vidas... Que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquinas! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... Os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas.
O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... De fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... Um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!
Charles Chaplin, em seu filme “O Grande Ditador”

Início

A educação e suas origens

Nascemos fracos, precisamos da força; nascemos desprovidos de tudo, temos necessidade de assistência; nascemos estúpidos, precisamos de juízo. Tudo o que não temos ao nascer, e de que precisamos adultos, é nos dado pela educação.
Essa educação nos vem da natureza, ou dos homens ou das coisas. O desenvolvimento interno de nossas faculdades e de nossos órgãos é a educação da natureza; o uso que nos ensinam a fazer desse desenvolvimento é a educação dos homens; e o ganho de nossa experiência sobre os objetos que nos afetam é a educação das coisas.
Cada um de nós é portanto formado por três espécies de mestres. O aluno em quem as diversas lições desses mestres se contrariam é mal educado e nunca estará de acordo consigo mesmo; aquele em quem todas visam os mesmos pontos e tendem para os mesmos fins, vai sozinho a seu objetivo e vive em conseqüência. Somente esse é bem educado.
Ora, dessas três educações diferentes a da natureza não depende de nós; a das coisas só em certos pontos depende. A dos homens é a única de que somos realmente senhores e ainda assim só o somos por suposição, pois quem pode esperar dirigir inteiramente as palavras e as ações de todos os que cercam uma criança?

Jean-Jacques Rousseau - O Emílio ou Da Educação